Arménio Vasconcelos mostrando o 1º tractor importado para Portugal (Fordson)
Já vai distante o dia em que o conheci. Passaram trinta anos mas o tempo não apaga a lembrança daquela tarde em que entrei no escritório do advogado, um vasto salão de janelas rasgadas para a Fonte Luminosa.
Timidamente expus o meu caso. Sem ousar encará-lo desviava o olhar para os desenhos da carpete que cobria o chão de madeira ou para as paredes, sobretudo para as paredes. Tentava esconder o nervosismo e concentrar-me nas suas palavras mas o chamamento daquelas paredes inundadas de luz era forte, muito forte, cada vez mais forte.
Terminada a consulta, na hora da despedida, não resisti ao impulso e... aproximei-me, cheguei mais perto... e logo mais longe... para que a distância me deixasse ver melhor toda a beleza contida nas molduras que guardavam verdadeiras pérolas da Arte. Dezenas de obras de pintores de renome que eu só conhecia dos livros...
E fiquei assim largos momentos, parada no tempo e na lembrança do motivo que ali me trouxera...
Adiado, para amadurecimento, o projecto que me levara até ele, entreguei-me freneticamente ao processo criativo e concretizei um sonho antigo: em 1982, com o seu incentivo, fiz a minha primeira exposição de pintura.
Já não nos víamos há uns anos mas esta semana reencontrei-o. Em Figueiró dos Vinhos, terra de sua mulher, a Lucília minha amiga, e de Malhoa que aqui viveu (o grande pintor José Malhoa que muito admiro).
Sem surpresas, porque conheço a sua têmpera, pude verificar que o homem que em 1982 iniciou a imensa obra que é hoje o MUSEU MARIA DA FONTINHA (onde me orgulho de estar representada) se prepara, com sua mulher, para inaugurar mais um espaço museológico onde guarda algumas preciosidades.
Muito obrigada Arménio, pelo que fazes em prol da preservação e restauro do património cultural e afectivo.
Nossa Senhora da Consolação
retábulo da igreja de Chão de Couce-a última obra de Malhoa
fotos-clemantunes
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