Depois do António nascer, o Francisco nem sempre soube esconder os ciúmes que, como qualquer irmão mais velho, sentiu com a chegada de um novo elemento ao colo de sua mãe.
Desde muito cedo que o desenho e a pintura são tarefas fáceis que faz com prazer e criatividade conseguindo captar as formas com algum realismo, imprimindo-lhes movimento.
Com seis anos, já na escola, ouviu a professora pedir para desenharem a família. Nesse dia vingou-se dos abraços e beijos repartidos, das atenções e carícias partilhadas e suprimiu o irmão do seu círculo familiar. Uns dias mais tarde, a professora abre os olhos de espanto quando vê no pátio da escola um miúdo de três anos, irrequietos, que os outros apelidam de o irmão do Francisco.
Hoje fui buscá-lo à escola. Está com dor de ouvidos. Enquanto eu preparava o almoço o Francisco fez as duas coisas que adora quando está em casa da avó: ver os desenhos animados e brincar com um pequeno aparelho de massagem de madeira que, na sua fértil imaginação, já foi Pokemon, Digimon e outros que tais de que eu não sei o nome (muito menos escrever). Agora chama-se simplesmente “O BONECO”.
Clementina Antunes-Out/09
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