sábado, 31 de outubro de 2009

O CANTO DOS POETAS





Na foto- Igreja N.S.Encarnação/Leiria

Silêncio

Assim como do fundo da música
brota uma nota
que enquanto vibra cresce e se adelgaça
até que noutra música emudece,
brota do fundo do silêncio
outro silêncio, aguda torre, espada,
e sobe e cresce e nos suspende
e enquanto sobe caem
recordações, esperanças,
as pequenas mentiras e as grandes,
e queremos gritar e na garganta
o grito se desvanece:
desembocamos no silêncio
onde os silêncios emudecem.


Octavio Paz, in "Liberdade sob Palavra"

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

COSTURAS E COZEDURAS



Enquanto cosia uns remendos malucos nas calças de ganga dos "putos" ouvi Paul Simon (para recordar belas canções).
Comprei o C.D. na loja da P.T.  Também trouxe uma caixa de marcadores para os miúdos desenharem e com isso dei uma ajudinha à UNICEF.
Podia também ter comprado  o último livro do Miguel Sousa Tavares mas já li.

Um dia destes vamos para comprar um selo e acabamos por adquirir os ingredientes para fazer os bolinhos do Dia de Todos os Santos. Por falar nisso tenho de ir amanhã ao mini da dona Maria. Vende uns já prontinhos. São deliciosos!!...Vai ser um fim de semana a trabalhar para a engorda...até rebentar as costuras.

Clementina Antunes/09



domingo, 25 de outubro de 2009

SACRIFICIUM





Cecília Bartoli presta homenagem aos castrati e delicia-nos com a sua maravilhosa voz.

C.A.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

NOITE



foto-Clemantunes


A cidade escureceu.
Os candeeiros calaram seu lamento e a noite silenciosa
mostra todo o seu esplendor.
No céu brotaram milhares de pontinhos luminosos
desenhando sonhos e lendas.
Procuro a minha estrela e ela me fala de ti
traz-me recados obscuros
que não sei ler.

Sorvo lentamente o encanto das sombras que se adensam
e mergulho no inebriamento da noite
que se afirma
Plena.

Clementina Antunes/09

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

ORFEÃO DE LEIRIA-ESCOLA DE VIDA


na foto-Júlia, Florinda, Fernando e Henrique Pinto
Setembro/1990


Desde 1986, ano em que tive a minha primeira experiência coral, que fui dirigida por alguns bons maestros. A primeira, Paula Coimbra, ajudou-me a dar os primeiros passos mas é no Orfeão de Leiria que, desde 89 até hoje, tento chegar mais além. Lá me ensinam quase tudo o que sei da arte do Canto. 

Mas cantar em grupo é muito mais que produzir sons em harmonia. Cantar num grupo tão heterogénio é, mais que tudo, uma escola de vida, uma aprendizagem continuada, um desafio constante motivador de mudanças interiores.

Analisar comportamentos de um grupo em situações variadas desde um “simples” ensaio rotineiro ao grande concerto numa majestosa catedral duma qualquer capital por esse mundo fora, onde o cansaço de centenas de quilómetros feitos de avião ou na maior parte dos casos de autocarro nos obriga a um redobrado esforço de concentração, é uma tarefa deveras emocionante.

Não tenho, como alguns que conheço, memória de elefante mas é impossível esquecer alguns “quadros” surpreendentes que se desenrolaram ao longo de quase vinte anos de digressões.

Em 1990 o Orfeão vestiu-se de igual e rumou a Espanha, França e Suíça. Em Berna pernoitámos num abrigo nuclear. Experiência inédita. Olhos surpreendidos. Noite inesquecível de sons, imagens e cheiros irrepetíveis.

Camarata para Homens, camarata para Senhoras. Beliches. Beliches??!!! Eu não durmo nisto!! Vá, traz o lençol, tenho vertigens, eu quero por baixo, quem está aqui?, é só uma noite, que lixo, quero o meu homem, eu cá estou bem, se eu soubesse que era para dormir separada não tinha vindo, até que nem é muito má a cama, quem me ajuda a descer, se eu tivesse um telefone ligava para Portugal, tem calma é só uma noite, pedia ao meu marido para me vir buscar, não tenho sabonete, aquela já ressona, nunca mais me apanham numa destas, meninas vamos dormir, Ai meu Deus!!!, que foi???, o meu vestido está amachucado como é que eu vou amanhã à recepção do Senhor Embaixador?????

Balneários amplos, fila de chuveiros, corridos, casas de banho ao lado, Eles às sete, Elas às oito, tudo ao léu, é favor fechar olhos quando for fazer xixi, ai que não aguento, esgueiro-me na penumbra, ó diabo está ali um Ele, não cumpriu horário, não vale olhar, já não se pode tomar banho em paz, saída airosa, esconde o rosto, olha p´ró lado, oh mas que cu, não vale a pena olhar, tão escanzelado, volto para a cama, logo é outro dia, outro concerto.


Clementina Antunes/09

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

RAPIDINHA



Nada como uma tarde de chuva para nos fazer ficar em casa lendo, escrevendo ou até mexendo nos tachos. E que tal aproveitar e confeccionar uma receita rápida de um doce que se pode lentamente saborear à fatia, simples ou com uma tostinha? Um chá ou uma cevada quentes são bons acompanhantes( à falta de melhor...).



Descascam-se (ou não) os marmelos e depois de preparados partem-se em pequenos pedaços.












Por cada quilo de marmelos juntam-se 900gr de açúcar e 1 dl de água numa panela que se leva a lume brando.
Depois de levantar fervura, deixa-se ferver durante meia hora.Retira-se do lume  e tritura-se muito bem com a "varinha mágica".
Coloca-se em taças e deixa-se secar na janela da cozinha.





Está pronta!!!


fotos e confecção-Clementina Antunes

sábado, 17 de outubro de 2009

CONTA E CANTA


foto Jornal de Leiria

Ontem, no Lar S. Francisco, em Leiria, os idosos vestiram-se de festa e alegremente celebraram o aniversário da sua residência.
Ana Rita Serras, minha companheira do Orfeão de Leiria e animadora cultural da Instituição, soube motivá-los e prepará-los para uma tarde diferente.
Nós, o grupo de voluntárias do projecto Conta e Canta, também estivemos lá com a nossa música e a nossa alegria. Foi grande a animação. Houve até quem disputasse um par. É que homens há poucos e os que querem dançar muitos menos. Foi bom para ELE que fez exercício redobrado...

Estavam tão bonitos os  nossos "velhotes"...

O Dinis apareceu e documentou o momento:

http://www.youtube.com/user/AMIGODINIS?gl=BR&hl=pt#p/a/u/0/uw0HFP_TRFc

ClementinaAntunes/09

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

O NADA






Ouvir  Rita Lee...
e num passo morno de dança  
caminhar no abraço 
de Saturno...
beber da luz dos seus anéis...

E depois dos sons
no compasso moribundo
na pausa ainda soletrada... 
...................................................
perder-se na imensidão do infinito
e mergulhar nas serenas cores do NADA...

Clementina Antunes/Out-09


quinta-feira, 15 de outubro de 2009

POEMA DE OUTREM




EU LEVAVA...

Mas não consigo entrar no teu labirinto.
És mais o que foste do que aquilo que és.
Leva-me daqui!

Querias que me fizesse mulher.
Cá me tens.
Puxas-me para baixo e dizes-me ao ouvido com anseio:
Leva-me daqui!

Tens medo do sítio para onde caminhas.
Mas não tenhas.
Dei-te o carinho e o mimo que os órfãos nunca têm
Por isso me sussurras:
Leva-me daqui!

Se te conseguisse encontrar...

Eu levava...


Cristina Vendeirinho
Dia Internacional da Poesia 
Leiria, 21 de Março de 2009

terça-feira, 13 de outubro de 2009

O IRMÃO MAIS VELHO


na foto-"O Boneco"

Depois do António nascer, o Francisco nem sempre soube esconder os ciúmes que, como qualquer irmão mais velho, sentiu com a chegada de um  novo elemento ao colo de sua mãe.
Desde muito cedo que o desenho e a pintura são tarefas fáceis que faz com prazer e criatividade conseguindo captar as formas com algum realismo, imprimindo-lhes movimento.
Com seis anos, já na escola, ouviu a professora pedir para desenharem a família. Nesse dia vingou-se dos abraços e beijos repartidos, das atenções e carícias partilhadas e suprimiu o irmão do seu círculo familiar. Uns dias mais tarde, a professora abre os olhos de espanto quando vê no pátio da escola um miúdo de três anos, irrequietos, que os outros apelidam de  o irmão do Francisco.
Hoje fui buscá-lo à escola. Está com dor de ouvidos. Enquanto eu preparava o almoço o Francisco fez as duas coisas que adora quando está em casa da avó: ver os desenhos animados e brincar com um pequeno aparelho de massagem de madeira que, na sua fértil imaginação, já foi Pokemon, Digimon e outros que tais de que eu não sei o nome (muito menos escrever). Agora chama-se simplesmente “O BONECO”.

Clementina Antunes-Out/09


segunda-feira, 12 de outubro de 2009

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

CANTOS DE MEL




Oi, leva eu!
Que eu também quero ir...
Quando chego na ladeira
tenho medo de cair...
Leva eu...
minha sodade...

(Esta voz de baixo é de vibrar até às entranhas)

DIA MUNDIAL DA MÚSICA




Nada como a música para nos conduzir na vida
 com simplicidade e elevação...











harmonização- Fernando Lopes Graça


CANÇÃO DA VINDIMA(Beira  Baixa)

Não se me dá que vindimem
Vinhas que eu já vindimei
Não se me dá que outros logrem
Ai, amores que eu rejeitei.

Fui um ano à vindima
Pagaram-me a trinta reis
Dei um vintém ao barqueiro
Ai, fui p'ra casa com dez reis.



Pela folha da videira
Conheço eu a latada
Faço-me desatendida
Ai, a mim não me escapa nada.

Estou debaixo da latada
Nem à sombra nem ao sol
Estou ao pé do meu amor
Ai, não há regalo maior.



fotos-Clemantunes