Clementina Antunes
segunda-feira, 31 de agosto de 2009
VAMOS COMER A SOPA!
- Oh!...Eu não quero sopa!
- Eu também não!!
- Vá. Vamos todos comer que a ...
- Hummm!!...Está deliciosa!!... O que vem a seguir, avó?
- A seguir vamos comer coelho com arroz.
- Hum... eu quero uma perna!
- Sim, mas come devagar, Francisco... então, António?... Rápido, come a sopa!
- Conta uma história, avó...
- Era uma vez um canguru que...
- Não!! Conta a aventura da pinta preta que...
- Eu não quero essa! É sempre a mesma...
- Eu quero!! Conta a história do coelho branco que depois ficou preto!...
- Deixa-me falar, António. Ó avó, este coelho que estamos a comer era branco?
- Não, era castanho.
- Como é que sabes? Podia ser branco!
- Porque os coelhos das histórias vivem muitos, muitos anos. Vivem para sempre. Já conheço o Coelhinho Branco, aquele que foi às couves para fazer o caldinho, desde quando eu era criança. Já passou muito tempo. Já tenho muitos anos...
- Pois é, Francisco. Agora a avó já é um bocadinho velha. Já tem riscos na cara. Mas ... conta, conta a aventura da pinta preta, avó!...
CONTA AVÓ, CONTA!
Era uma vez...
...um cãozinho dálmata. Tinha muitas manchas pretas espalhadas pelo corpo esguio.
- O que é esguio, avó?
- É...assim como tu, António, o teu corp....
- Não é nada! Eu não sou esguio!!
- Eh!, eh!!...És um esguio!... És um esguio!!... És...
- Ó avó, olha o Francisco que...
- ...e o cãozinho dálmata gostava muito de todas as suas manchas pretas mas principalmente da mais pequenina que ficava mesmo, mesmo na ponta da sua cauda...
- Quando eu for grande vou ter um dálmata na minha quinta. És tu que mo vais dar, avó. Prometeste!...
- Claro...
- Cala-te, Francisco. Deixa a avó contar a história. E depois? E depois? Conta o resto!
- Um dia o cãozinho dálmata ia a correr contra o vento e ...
- Oh!... essa história já nós sabemos, António. O coelho vinha atrás e...
- Pois... mas... antes de chegar ao nariz do coelho, a pinta preta teve uma aventura...
- Uma aventura?!! Conta avó, conta!!
Clementina Antunes
sábado, 29 de agosto de 2009
AVÓ, CONTA UMA HISTÓRIA!
-Qual? A do coelhinho branco?
-Não, essa já contaste.
-Ah, mas este coelhinho branco não é o mesmo . Este tem uma pinta preta no nariz.
-Humm...não é verdade...
-É, sim.
-Porquê? Só tem uma pinta preta?
-Só. É uma pinta preta que saltou da cauda de um cãozinho dálmata que...
-Saltou?! Como? As pintas não saltam!!
-O dálmata ia a correr muito, muito... contra o vento...
-O que é contra o vento?
-É quando o nosso cabelo fica no ar porque...
-E o dálmata, ficou no ar?
-Não, mas o vento tinha tanta força que arrancou uma pinta preta da cauda dele.
-E depois?
-O coelho vinha atrás e a pinta ficou colada mesmo na ponta do seu nariz.
-E não vai sair?
-Vai crescer, crescer até ficar uma mancha muito grande...
-Como a cabeça dele?
-Maior ainda.Vai crescer tanto que o coelhinho vai ficar todo preto.
-Verdade?! E depois? Conta, conta!!
Clementina Antunes
-Não, essa já contaste.
-Ah, mas este coelhinho branco não é o mesmo . Este tem uma pinta preta no nariz.
-Humm...não é verdade...
-É, sim.
-Porquê? Só tem uma pinta preta?
-Só. É uma pinta preta que saltou da cauda de um cãozinho dálmata que...
-Saltou?! Como? As pintas não saltam!!
-O dálmata ia a correr muito, muito... contra o vento...
-O que é contra o vento?
-É quando o nosso cabelo fica no ar porque...
-E o dálmata, ficou no ar?
-Não, mas o vento tinha tanta força que arrancou uma pinta preta da cauda dele.
-E depois?
-O coelho vinha atrás e a pinta ficou colada mesmo na ponta do seu nariz.
-E não vai sair?
-Vai crescer, crescer até ficar uma mancha muito grande...
-Como a cabeça dele?
-Maior ainda.Vai crescer tanto que o coelhinho vai ficar todo preto.
-Verdade?! E depois? Conta, conta!!
Clementina Antunes
sexta-feira, 28 de agosto de 2009
CARREIRINHO DE FORMIGAS
quinta-feira, 27 de agosto de 2009
O CANTO DAS PALAVRAS
Hoje, não me preocupei com brancos que se obstinam em silêncios prolongados. Hoje devorei palavras. Hoje fui invadida por palavras que se misturaram em mim. Seduzida por elas , viajei até ao fundo do abismo. Por elas fui salva, por elas perdida, manobrada, recuperada. Nelas eu me deleito, eu me abandono, eu me redimo. Por elas eu esqueço os brancos de telas abandonadas e ressentidas.
À ESPERA...
foto-Clemantunes
Ontem comprei uma tela. Em branco. Com gestos lentos, cerimoniosos, retirei-lhe a protecção e coloquei-a com cuidado no cavalete. Sentei-me e fiquei ali, a olhá- la recortada contra a luz da janela. Simplesmente olhando. O branco. Mas ele não disse o que pretendia de mim. E eu fiquei ali, à espera. Longos minutos à espera...
terça-feira, 25 de agosto de 2009
Cantos POÉTICOS - II
Descalça na areia
Olho-te longe, longe...
E esqueço
Que o tempo me foge
Que o tempo se vai
Envolto na espuma
Dos lençóis de prata
Em que te deitas
Quando a tarde cai...
Quisera
Ir-me contigo
Ficar em ti
E adormecer...
Provar teu sal
E reter do sol,
Tal qual meu sonho
Que aos poucos se esvai,
Lágrimas de oiro
Fogo de cristal...
fotos-Clemantunes
Oh, doce abandono
Quando a tarde cai...
(Clementina Antunes-1987)
domingo, 23 de agosto de 2009
Cantos POÉTICOS - I
quarta-feira, 19 de agosto de 2009
ReCANTOS TERNURENTOS
terça-feira, 18 de agosto de 2009
ONDE ESTÁ A LILI?
sexta-feira, 14 de agosto de 2009
Manhã de luz
Por mais que a vida nos agarre assim
Nos troque planos sem sequer pedir
.........................
.............................
Eu sei que ainda somos imortais
Se nos olhamos tão fundo de frente
Se o meu caminho for por onde vais
A encher de luz os meus lugares ausentes
...........................................................
quinta-feira, 13 de agosto de 2009
quarta-feira, 12 de agosto de 2009
SABORES DE VERÃO
CASADO...E FELIZ
terça-feira, 11 de agosto de 2009
UM É POUCO, DOIS É BOM, TRÊS...É DEMAIS!!!
foto-Clementina Antunes
A deslumbrante beleza a cada canto descoberta deixou-me em estado de permanente louvor e êxtase.Fizemos as maiores maluqueiras.Nas imensas fotos que fiz, quis perpetuar a catadupa de emoções a cada dia sentida.
O amor e o desejo andavam no ar impregnando tudo com as suas fragrâncias mas cantámos todo o tempo composições que eram verdadeiras odes à amizade. Sim, porque exceptuando o Jorge, que perdeu a virgindade dentro duma minúscula tenda no relvado da Lagoa das Sete Cidades, ninguém mais "pescou" o que quer que fosse. Eu não suportei tanto gemido e fugi com a Salomé para dentro do carro. Não conseguíamos conter o riso e contudo chorávamos de emoção.É que, apesar de ter deixado a adolescência há bastantes anos, o Jorge, invisual, estava tendo uma experiência inesquecível.
Conversámos o resto da noite. De amores e desamores, de encontros e desencontros... entrámos em confidências.E quando o sol já despontava por entre a bruma da lagoa, fiquei a saber que AQUELE que ambas desejávamos, afinal, era gay.
Desrespeitando todas as proibições da Protecção Civil, tomámos repetidos banhos de cascata, ao entardecer, na Caldeira Velha. E viajámos, serpenteando pela montanha, para nos sentirmos pequenos perante o esplendor da Lagoa do Fogo. Repetidas vezes. E fomos à do Congro, atolando o carro no caminho estreito. Pena, as azáleas não estarem floridas mas a caminhada por entre a mata valeu a pena. Apesar da neblina se ter rapidamente instalado, ainda deu para vislumbrar a água de tons esverdeados. Não tanto como a das Furnas onde um dia deixámos a panela do cozido enquanto prosseguíamos na nossa descoberta.
Andámos dois dias a comer a mesma ementa pois exagerámos na quantidade dos ingredientes. No Nordeste,não suportando mais o sabor das couves, livrámo-nos do excedente e entrámos num restaurante . À entrada, imensos avisos proibitivos. Um deles chamou-nos especialmente a atenção: "não apoiar os pés nas traves das cadeiras". Patuscos, estes açorianos. Simpáticos, os donos. Para quem comia carne há tanto tempo, o peixe que nos serviram foi um verdadeiro manjar.
A vista sobre o Oceano era soberba mas disso eu já nem falo. Toda a ilha é um sonho de beleza natural impressionante. O nascer do sol, avistado na Ponta da Madrugada, foi um expectáculo maravilhoso; ver as vaquinhas pastando no prado, ao sairmos do túnel que resolvemos atravessar à luz das velas (junto a Sete Cidades) cantando composições, no mínimo estranhas, foi um quadro bucólico digno duma pintura impressionista.Mais contrastante foi ver aquele menino tímido na praia, com enormes barbatanas nos pés, mordiscando o dedo enquanto olhava para os golfinhos, ao longe, cortando o azul...
Foi no Verão de 89. Com um grupo de amigos, fui passar três semanas a S. Miguel, essa ilha encantada. O Filipe, um amor de rapaz, organizou tudo. Tinha uma amiga na Ribeira Grande cujos pais estavam de férias no Canadá, de visita à família.A casa estava por nossa conta. Éramos oito, às vezes dez. Foi uma experiência que eu recordarei para sempre.
A deslumbrante beleza a cada canto descoberta deixou-me em estado de permanente louvor e êxtase.Fizemos as maiores maluqueiras.Nas imensas fotos que fiz, quis perpetuar a catadupa de emoções a cada dia sentida.
O amor e o desejo andavam no ar impregnando tudo com as suas fragrâncias mas cantámos todo o tempo composições que eram verdadeiras odes à amizade. Sim, porque exceptuando o Jorge, que perdeu a virgindade dentro duma minúscula tenda no relvado da Lagoa das Sete Cidades, ninguém mais "pescou" o que quer que fosse. Eu não suportei tanto gemido e fugi com a Salomé para dentro do carro. Não conseguíamos conter o riso e contudo chorávamos de emoção.É que, apesar de ter deixado a adolescência há bastantes anos, o Jorge, invisual, estava tendo uma experiência inesquecível.
Conversámos o resto da noite. De amores e desamores, de encontros e desencontros... entrámos em confidências.E quando o sol já despontava por entre a bruma da lagoa, fiquei a saber que AQUELE que ambas desejávamos, afinal, era gay.
Desrespeitando todas as proibições da Protecção Civil, tomámos repetidos banhos de cascata, ao entardecer, na Caldeira Velha. E viajámos, serpenteando pela montanha, para nos sentirmos pequenos perante o esplendor da Lagoa do Fogo. Repetidas vezes. E fomos à do Congro, atolando o carro no caminho estreito. Pena, as azáleas não estarem floridas mas a caminhada por entre a mata valeu a pena. Apesar da neblina se ter rapidamente instalado, ainda deu para vislumbrar a água de tons esverdeados. Não tanto como a das Furnas onde um dia deixámos a panela do cozido enquanto prosseguíamos na nossa descoberta.
Andámos dois dias a comer a mesma ementa pois exagerámos na quantidade dos ingredientes. No Nordeste,não suportando mais o sabor das couves, livrámo-nos do excedente e entrámos num restaurante . À entrada, imensos avisos proibitivos. Um deles chamou-nos especialmente a atenção: "não apoiar os pés nas traves das cadeiras". Patuscos, estes açorianos. Simpáticos, os donos. Para quem comia carne há tanto tempo, o peixe que nos serviram foi um verdadeiro manjar.
A vista sobre o Oceano era soberba mas disso eu já nem falo. Toda a ilha é um sonho de beleza natural impressionante. O nascer do sol, avistado na Ponta da Madrugada, foi um expectáculo maravilhoso; ver as vaquinhas pastando no prado, ao sairmos do túnel que resolvemos atravessar à luz das velas (junto a Sete Cidades) cantando composições, no mínimo estranhas, foi um quadro bucólico digno duma pintura impressionista.Mais contrastante foi ver aquele menino tímido na praia, com enormes barbatanas nos pés, mordiscando o dedo enquanto olhava para os golfinhos, ao longe, cortando o azul...
segunda-feira, 10 de agosto de 2009
RAUL "SOLDADO"
sábado, 8 de agosto de 2009
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