sonha palavras que lhe sorriem
e se escondem na curva do tempo
ele pode agarrar um pássaro
e desenhar-lhe um voo perfeito
afastando nuvens e ventos
aproximando rios e árvores
pode entrar no jogo sorrindo com as palavras
escrever menino
e correr
enganando o tempo nas asas duma borboleta
pode ainda o poeta
num extremo de sensibilidade
verter uma lágrima ao construir palavras
que reflectem o mundo da dor que também
habita o coração dessas mesmas palavras
escondidas na curva do tempo
António Cardoso Pinto (foto-joão veríssimo)