BANDA SINFÓNICA PORTUGUESA
SALA SUGGIA
12:00
José Rafael Pascual Vilaplana - direcção musical
Vicente Alberola - clarinete
DIRK BROSSÉ
And the winner is...
War concerto, para clarinete e banda sinfónica
ALDO RAFAEL FORTE
Van Gogh Portraits
1. The Potato Eaters
2. La Berceuse
3. The Zouave
4. The Drawbridge
5. Finale: Self Portrait of the Artist
Dali
1. The Unicorn
2. Don Quijote
3. Elephant Spatial
4. The Persistence of Memory
5. Dante's Inferno - Dali Ghastly Images
Os dois compositores que a Banda Sinfónica Portuguesa hoje apresenta inspiraram-se em duas das mais extremas manifestações da humanidade para a criação das suas obras: a guerra e a própria arte.[...]
Salvador Dali - batalha de Tetuán
O fascínio de Aldo Rafael Forte pela pintura tem dado origem a várias obras musicais, entre as quais as que hoje são interpretadas. Em ambas o compositor faz uma viagem pelo universo de um artista, transpondo para a partitura os traços e cores que mais o impressionam. Mas mais do que isso, Forte cria uma relação entre os vários andamentos, uma identidade do artista que povoa todos os momentos da peça, evitando a simples tradução das pinturas que escolhe. É assim em Van Gogh Portraits, onde um motivo representa o próprio Vincent Van Gogh e é alvo de diferentes interpretações e transformações ao longo da obra - este motivo surge logo no início do primeiro andamento, apresentado pelo eufónio. Este andamento é inspirado numa pintura de 1885, ainda no período inicial de actividade do artista, em que é representada uma família de camponeses comendo batatas.
A pobreza da cena e as cores sombrias da pintura são transpostas para os instrumentos em sonoridades igualmente obscuras e trágicas.
Já o segundo andamento tem um carácter leve, baseado nos quadros de Madame Roulin, uma figura maternal inspiradora.
O terceiro andamento é curto e abre espaço para a secção de percussão, representando os ritmos militares dos Zuavos, soldados do Norte de África ao serviço da França e que fascinavam o pintor com os seus uniformes exóticos de cores flamejantes.
The Drawbridge, ou "Ponte Levadiça", é uma interpretação do ambiente bucólico junto à Ponte de Langlois
em Arles, que Van Gohg pintou em 1888.
Finalmente, a obra encerra com a referência ao último auto-retrato do artista, realizado a apenas alguns meses do seu suicídio em 1890, enquanto estava internado num asilo psiquiátrico.
A música reflecte a instabilidade de estados de espírito do pintor, entre a fúria, a confusão e o júbilo e um estado catatónico e hipnótico.
Fernando Pires de Lima
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